O corpo envelhece, mas a mente continua jovem; esse antagonismo natural é fruto de boa parte dos conflitos que enfrentamos no nosso dia a dia. Para muitos, o espelho representa um inimigo cruel, um objeto de verdadeira tortura que reflete a realidade do nosso conflito, o objetivo real da nossa batalha diária entre o que fui um dia, contra o que eu sou de fato. Seria muito mais fácil aceitar a complexidade da vida, se a mente fosse mais simples. A maioria das pessoas vive uma batalha constante entre a realidade interna contra a realidade externa. Isso se dá devido a um único problema, o corpo envelhece, mas a mente continua jovem. Charlie Chaplin escreveu um dia que a vida deveria começar pela velhice, dessa forma o conformismo mental seria melhor ajustado ao nosso corpo. Pensando dessa forma, à medida que ficássemos mais novos, nossas mentes não teriam dificuldade de aceitação, e ambos viveriam em total harmonia. Porém, em contrapartida, Freud pontuou, certa vez, que somos seres insaciáveis, sempre buscamos mais prazer, independente da nossa condição de vida ou idade. Diante dessa luta constante, procuramos viver da melhor forma possível, mascarando nossa velhice com fotos modificadas por aplicativos, escondendo nossa verdadeira identidade e vivendo cada vez mais um mundo de fantasia. O mesmo ocorre quando somos mais jovens, só que de forma contrária, forçamos nossa existência para crescermos mais rápido, nos portamos como adultos e procuramos esconder nossas limitações. Acredito que tanto Chaplin quanto Freud estavam corretos, a batalha da vida existe e sempre vai existir. É fato que se nossa mente fosse mais simples a vida com toda a sua complexidade também seria.

 Os dois lados da mesma moeda por Flávio Lopes Barbosa

By Flávio Lopes Barbosa

Flávio Lopes Barbosa é escritor, psicólogo, professor e diretor do portal o menestrel. Nasceu em São Paulo – Capital onde reside atualmente. Formado em psicologia clínica pela Universidade São Marcos, tem formação em letras pela Universidade Nove de Julho, lato sensu em tradutor e interprete da língua inglesa pela Universidade Nove de Julho, lato sensu em psicologia do trânsito pelo Centro Universitário Celso Lisboa, curso de psicanálise infantil pela Universidade Federal de São Paulo e especialização em dependência química. Lecionou durante anos como professor universitário na Universidade Nove de Julho. Iniciou sua carreira como escritor se dedicando a uma escrita técnica e científica. Atualmente trabalha como psicólogo do trânsito junto ao Detran SP e escreve contos de terror psicológico. Possui nove livros publicados, gosta de abordar temas polêmicos e críticos em seus artigos, normalmente voltados para área pessoal e social.

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